Gentileza gera gentileza

“Amor, palavra que liberta, já dizia o profeta…”

Provavelmente você já ouviu em algum lugar a expressão “gentileza gera gentileza”. Essa ‘simples’ frase carrega consigo um grande significado, e tem uma linda história por trás dela, que é explorada na música ‘Gentileza’ da grande artista brasileira Marisa Monte.

O Gentileza

Gentileza ou José Datrino foi um profeta que espalhava amor e palavras solidárias pelas ruas do Rio de Janeiro. Visto como louco por alguns, Gentileza, como uma especie de pedinte, parava nas janelas dos carros, não para pedir dinheiro, mas para oferecer flores e palavras sábias e gentis. Pai do dilema “gentileza gera gentileza”, o homem registrou suas mensagens em murais em uma avenida da cidade carioca, como páginas de um enorme livro urbano. No total foram 56 murais, e 56 lições de vida.

Infelizmente em 1997, um ano após da morte de gentileza, as páginas quase desapareceram, pois a companhia de limpeza urbana, pintou de cinza as escritas.

“Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza. A palavra no muro foi coberta de tinta. (…) Só ficou no muro, tristeza e tinta fresca.”

Ao fazer uma campanha da paz em 1998 com Carlinhos Brown, Marisa quis mostrar as obras de gentileza para o amigo, porém chegando lá havia apenas tinta cor de cimento. Comovida, a cantora compôs a música ‘Gentileza’, em homenagem a José e sua história.

Com o alcance da música, restauradores e artistas se uniram para restaurar as palavras do profeta. Foi retirada a camada de tinta e as escritas, mesmo apagadas foram repintadas, e em 2001 a obra foi tombada pela prefeitura do Rio de Janeiro.

A mensagem que Gentileza nos ensinou e deixou para nós é linda e muito preciosa, e como podemos ver a gentileza que ele ofereceu para o mudo foi retribuída, pois como dizia o profeta - gentileza gera gentileza.

“Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade, merecemos ler as letras e as palavras de Gentileza.” - Gentileza, Marisa Monte.

A gentileza

A palavra gentileza vem do latim - Gentiles: da mesma família ou do mesmo clã. Mas também pode ser interpretada como ‘Gen’: dar a luz, trazer a luz. Com isso, constatamos que, ao sermos gentis com os outros, estamos realizando um ato que vem da natureza humana, como dar a luz a outro ser.

Agir gentilmente não é um protocolo socialmente aceito em busca de uma sociedade agradável, é muito além disso, se trata de algo puro e genuíno, sem interesse algum por atrás. Ser gentil é uma manifestação da nossa face mais pura e propriamente humana, que proporciona a satisfação de ‘trazer a luz’ e ver que, de alguma forma, fomos úteis para os demais.

A vida que recebemos no parto da a luz ao nosso corpo, a gentileza da a luz a vida e o potencial que a natureza espera de nós, trazendo á vida o que de melhor temos.

“Belezas são coisas acesas por dentro. (…) ” - Lágrimas negras, Gal Costa.

Quanto mais gentis nós somos com o mundo - independente se foi de forma direta ou alguém presenciou nosso ato; recebemos de volta toda a luz, verdadeira e humana, sem segundas intenções, que geramos para os outros. Ao fazermos alguém rir, ajudarmos ou elogiarmos alguém, de forma espontânea e natural podemos, de alguma forma, melhor o dia das pessoas, fazendo com que essa pessoa faça o mesmo pela as outras - gerando gentileza.

Mais uma vez e profecia de Gentileza se solidifica, pois se trata de algo legítimo. Com isso posso dizer que - Gentileza gera gentileza, faça o bem sem ver a quem.

“Amor palavra que liberta, já dizia o profeta.” - Gentileza, Marisa Monte.

- Quando plantamos gentileza, colhemos gentileza. 🌷

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